Therabot: Chatbot com IA Generativa mostra eficácia clínica no tratamento de saúde mental
Um novo horizonte se abre no cuidado com a mente. Pela primeira vez, um estudo científico comprovou que um chatbot baseado em inteligência artificial generativa, treinado com refinamento especializado, pode reduzir sintomas clínicos de depressão, ansiedade e distúrbios alimentares com eficácia comparável à de terapeutas humanos.
O protagonista dessa inovação é o Therabot, avaliado em ensaio clínico randomizado com adultos norte-americanos e publicado na prestigiada revista científica NEJM AI em março de 2025.
Um experimento inédito, rigorosamente controlado
Conduzido por pesquisadores de instituições como Dartmouth College, o estudo envolveu 210 participantes diagnosticados com transtorno depressivo maior (MDD), transtorno de ansiedade generalizada (GAD) ou risco clínico elevado para distúrbios alimentares (CHR-FED).
Os voluntários foram divididos aleatoriamente em dois grupos: 106 pessoas utilizaram o Therabot durante quatro semanas, enquanto 104 integraram o grupo controle e não tiveram acesso ao aplicativo durante o período de análise.
A proposta do estudo era medir a variação dos sintomas após quatro semanas de uso e também no acompanhamento após oito semanas. Os resultados, segundo os autores, superaram as expectativas.

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Therabot
Resultados expressivos: alívio real para sintomas mentais
Os dados revelam que os usuários do Therabot apresentaram melhoras significativamente maiores em comparação ao grupo de espera:
• Depressão (MDD): Redução média de 6,13 pontos em 4 semanas (vs. 2,63 no controle) e 7,93 após 8 semanas (vs. 4,22).
•• Ansiedade (GAD): Queda de 2,32 pontos em 4 semanas (vs. 0,13) e de 3,18 em 8 semanas (vs. 1,11).
• Risco de transtornos alimentares (CHR-FED): Melhora de 9,83 pontos em 4 semanas (vs. 1,66) e de 10,23 em 8 semanas (vs. 3,70).
Os efeitos foram expressivos, com magnitude estatística entre moderada e alta (Cohen’s d entre 0.627 e 0.903), o que indica impacto clínico robusto.
Afinidade terapêutica comparável a humanos
Um dos destaques do estudo foi a percepção dos próprios usuários: o nível de aliança terapêutica — ou seja, o grau de confiança, empatia e conexão percebida com o terapeuta — foi avaliado como semelhante ao oferecido por profissionais da saúde mental humanos.
Além disso, o tempo médio de uso do Therabot ultrapassou seis horas, demonstrando elevado engajamento, fator essencial para a eficácia de intervenções digitais.
Tecnologia de ponta com toque humano
O Therabot é alimentado por modelos generativos refinados por especialistas, ou seja, um tipo de inteligência artificial treinada para responder com empatia, profundidade e coerência, ajustando-se aos contextos emocionais apresentados pelo paciente.
A plataforma não apenas compreende linguagem natural, mas oferece respostas personalizadas, orientadas por princípios cognitivos e comportamentais reconhecidos na prática clínica.
A proposta é suprir uma lacuna crítica: a escassez de profissionais de saúde mental, ao mesmo tempo em que se promove acesso à psicoterapia de forma escalável e sob demanda.

Therabot
Acesso e regulamentação: ainda um desafio
Apesar dos resultados animadores, o Therabot ainda não está disponível ao público em geral. O aplicativo foi utilizado exclusivamente em contexto de pesquisa e permanece em desenvolvimento.
O estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética da Dartmouth Hitchcock e registrado na plataforma ClinicalTrials.gov sob o número NCT06013137.
A liberação para uso clínico dependerá de novas fases de validação, análises de segurança, estudos com amostras maiores e aprovação por órgãos reguladores. Ainda assim, o caminho está pavimentado para que IA generativa se torne uma ferramenta complementar na saúde mental.
Uma conquista colaborativa
O estudo contou com uma equipe multidisciplinar de dezenas de colaboradores, entre pesquisadores, engenheiros de software e especialistas da Amazon Web Services (AWS), que apoiaram o projeto com infraestrutura técnica.
Agradecimentos especiais foram feitos a nomes como Dr. Nicholas C. Jacobson e Dr. Michael V. Heinz, que lideraram o experimento.
Os autores informaram que todos os participantes deram consentimento por escrito e que os dados e materiais complementares estão disponíveis junto à publicação oficial.
Conclusão: IA como aliada da mente
O ensaio clínico do Therabot representa um marco na medicina digital. Pela primeira vez, uma IA demonstrou, com dados clínicos rigorosos, que pode oferecer suporte terapêutico efetivo e confiável.
O caminho é promissor, mas exige cautela. O uso ético, o respeito à privacidade e a supervisão profissional são condições fundamentais para que esse avanço seja bem incorporado à prática de saúde mental.
Enquanto o mundo debate os limites da inteligência artificial, o Therabot aponta para uma direção mais humana: usar a tecnologia para cuidar das emoções — com precisão, empatia e ciência.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa