Um Encontro, Dois Escritores e Mil Sensações

Um Encontro, Dois Escritores e Mil Sensações

Ele entrou discretamente na cafeteria, carregando um livro gasto nas mãos trêmulas, os óculos ajustados timidamente sobre o nariz. Procurou uma mesa afastada, lugar habitual dos que preferem observar sem serem notados. A luz morna do fim da tarde desenhava sombras delicadas no ambiente acolhedor.

Ela já estava lá, em uma mesa próxima à janela, o olhar perdido no horizonte da rua, caneta entre os dedos e um caderno aberto à sua frente. O vapor da xícara de chá subia em espirais lentas, adornando seu rosto pensativo. Seus olhos se cruzaram por acidente, causando um sorriso tímido, quase imperceptível, em ambos.

Ele desviou rapidamente o olhar, sentindo o coração acelerar inexplicavelmente. Abriu seu livro, fingindo concentração, mas as letras escapavam-lhe, confundindo-se com o sorriso suave da mulher desconhecida. Respirou fundo, tomando coragem para espiar novamente. Ela também o observava por detrás das páginas rabiscadas, num jogo inocente de olhares fugazes.

Minutos depois, um gesto inesperado: ela deixou cair propositalmente a caneta. Ao abaixar-se para recolhê-la, ele viu uma oportunidade, levantou-se quase automaticamente, aproximando-se para ajudá-la.

“Perdoe-me, aqui está sua caneta”, sussurrou com voz trêmula.

“Obrigada”, respondeu ela, erguendo lentamente os olhos e sustentando um olhar mais longo desta vez. “Percebi seu livro… Gosta desse autor?”

“Sim, mas confesso que hoje estou distraído demais para compreendê-lo.”

Ela sorriu, cúmplice, e o convidou a sentar-se. Apresentaram-se timidamente, revelando ambos serem escritores. A conversa avançou lentamente, palavras sussurradas com suavidade, cada frase aproximando-os como páginas de um romance ainda não escrito.

A noite chegou, suave e convidativa. A cafeteria estava vazia, e eles, ainda mergulhados nas próprias histórias e confissões, perceberam-se presos numa atração silenciosa. Ao sair, caminharam lado a lado pela rua vazia, mãos roçando ocasionalmente, causando pequenas faíscas na pele.

Sem pensar, ele a beijou sob a luz pálida de um poste antigo. Um beijo lento, terno, porém carregado de desejo reprimido. Ela correspondeu com intensidade contida, os corpos se encaixando naturalmente, como se já se conhecessem profundamente.

Movidos por um impulso silencioso, encontraram-se no apartamento dela. Cada gesto era uma descoberta, despindo-se lentamente das roupas e inibições, guiados apenas pelo desejo puro e genuíno que surgira inesperadamente naquela tarde.

Agora nus, os corpos se buscavam com avidez, as mãos explorando curvas e reentrâncias, deslizando pela pele quente, despertando gemidos baixos e suspiros intensos.

Ele a beijava, mordiscando suavemente seu pescoço, descendo lentamente pelo colo até encontrar seus seios, onde se demorou, provocando arrepios de prazer. Ela respondia com um toque decidido, explorando-o sem pudores, sentindo sua pele vibrar sob as pontas dos dedos.

Deitados entre os lençóis, entrelaçaram-se apaixonadamente, movendo-se em harmonia perfeita, os corpos sincronizados num ritmo crescente de prazer. Os murmúrios tornaram-se mais intensos, preenchendo o quarto com uma sinfonia de desejo e êxtase.

Cada movimento era uma promessa cumprida, cada olhar trocado uma conexão profunda que transcendia palavras.

O clímax veio arrebatador, levando-os juntos ao ápice da entrega. Exaustos e satisfeitos, permaneceram abraçados, sentindo o calor e o pulsar de seus corpos ainda unidos.

Naquele instante, perceberam que tinham escrito juntos a mais inesquecível e sensual das histórias, começada timidamente numa cafeteria e terminada intensamente naquele quarto aconchegante.

Anand Rao

Editor Chefe

Cultura Alternativa