Vamos falar de cultura oceânica?
Em regra, alterno meus artigos entre economia e direito, no entanto nessa semana optei por falar de um tema mais amplo e de importância central para nosso país: a cultura oceânica.
Aproveitando o momento de euforia pela vitória de Ítalo Ferreira, medalha de ouro no surfe em Tóquio/2020, deixando em evidência o esporte realizado no mar. Todavia, é importante observar a situação da cultura oceânica em nosso país que, a despeito de nossa extensa costa, é ínfima quando não quase desconhecida.
O caso de Ítalo Ferreira é ainda mais emblemático, pois além de campeão de uma modalidade ligada ao mar ele é filho de pescador, assim como, realizava a venda de suas vendas junto a praia. Mas o que é cultura oceânica?
Cultura oceânica
Cultura oceânica pode ser compreendida como: “compreensão individual e coletiva da importância do oceano para a humanidade” [UNESCO, 2020, pp. 22]. Em um país onde a costa litorânea possui 7. 491 quilômetros de extensão, sendo o 16ª maior litoral nacional do mundo.
Apesar disso, o oceano é visto por boa parte da população apenas como meio de lazer e não percebem a enorme importância dele nos mais diversos aspectos da vida. Além disso, são dezessete estados litorâneos e 280 municípios defrontantes com o mar, de modo que mais de 80% da população brasileira vive hoje a menos de 200 quilômetros da costa do país de acordo com o IBGE.
Do ponto de vista econômico estimativas indicam que 20% do PIB tem sua origem no mar, sendo que 86% de atividades indiretas, como as atividades turísticas, e, 14% das atividades diretas, como a pesca. Ou seja, temos uma enorme margem de crescimento para o presente e futuro.
O mais interessante nisso tudo é que o conceito de economia azul ou economia do mar exige a atenção ao cuidado com a sustentabilidade ambiental e econômica de qualquer projeto a ser desenvolvido, razão pela qual os projetos neste sentido têm se desenvolvido mais lentamente, mas com muita segurança.
Cultura oceânica
É fundamental que compreendamos que mais de 50% do ar que respiramos tem sua origem nos oceanos, não nas florestas como tão erroneamente difundido. Os mares não as florestas são o pulmão do mundo. Contudo, esse fato não se constitui em autorização para o desmatamento, pois a conservação das florestas é fundamental para se manter o equilíbrio térmico do planeta e evitar a desertificação dele.
É necessário que se compreenda que existe uma interdependência extremamente sensível na natureza e que deve ser preservado. A cultura oceânica nos permite visualizar esta interação com muita mais clareza e como desenvolver ações que garantam sustentabilidade ambiental e econômica.
Portanto, nada mais lógico que aproveitarmos o momento em que um dos esportes marítimos está tão em evidência para propagar a cultura oceânica. Injustificável que um país como o nosso, que possui todas as credenciais antes apresentadas, ainda não tenha desenvolvido uma sólida cultura oceânica, e, desta forma trazer novas visões sobre o mar e sua interação com o ser humano e o ecossistema.
Compreender a importância do oceano em nossas vidas, assim como a responsabilidade que temos para a preservação do ambiente marinho é, sem dúvida, uma das grandes benesses dessa cultura. Então, que comecemos logo nosso trajeto na criação dessa cultura em nosso país.
Artigo – Sandro Schmitz dos Santos – Analista e Consultor Internacional, Sócio-Diretor da Austral Consultoria [www.austral.cc]
e-mail: sandro.schmitz@austral.cc
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