Yamandu Costa
No prosseguimento da 45 edição do Festival de Jazz de Marciac (JIM), que o Cultura Alternativa acompanha de perto, ontem teve brasileiro em destaque.
Ninguém menos do que o consagrado violonista gaúcho Yamandu Costa. Ele foi a atração principal do espaço L’Astrada, uma jóia de excelência acústica que abrilhanta ainda mais a fantástica programação do JIM.
Neste ano, entre outros estão presentes no evento Suzanne Vega, Ben Harper, Wynton Marsalis, Norah Jones, Pet Metheny e Gilberto Gil.
Com lotação completa (500 expectadores), Yamandu subiu ao palco do Astrada para um concerto que se estendeu por quase duas horas. Essa virtuose brasileira do violão, hoje morando em Lisboa e fazendo carreira internacional, arrebatou a platéia européia do festival.
Por sua apurada técnica, seu talento incomensurável, seu feeling extremo e também por sua simpatia. Fez questão de se comunicar em francês, sempre de maneira bem humorada e cortês.
Impossível não se render à força da natureza que é Yamandu quando o assunto é a exploração do ritmo, das harmonias e das melodias do violão de sete cordas.
Yamandu Costa
A reportagem do Cultura Alternativa dá um pulo no JIM nesse começo de agosto e aproveita para contar a seus leitores tudo sobre o festival.
O gaúcho abriu o concerto com duas composições próprias, uma delas dedicada à esposa Taina. Nessa abertura ficaram claras as influências da cultura da América Latina de que se nutre sua caudalosa musicalidade:
Na sequência houve homenagem ao pianista francês Michel Legrand, houve pequena volta às raízes do Sul com a execução de uma milonga e a serenidade de ” Graciosa” (composta durante aprazível descanso na ilha do mesmo nome), houve improviso em torno do cancioneiro colombiano…
Ao chegar aí, Yamandu já tinha a platéia a seus pés, dada sua transcendente desenvoltura na execução de um variado repertório, cuja rica sonoridade do violão por vezes dialoga com scats vocais.
Na parte final do concerto o acordeonista Vincent Peirani, parceiro de alguns anos de Yamandu, é convidado a subir ao palco. E os dois músicos junto conseguem elevar ainda mais a qualidade do espetáculo. Instrumentista de grande sensibilidade, Vincent se entrega de alma aberta aos múltiplos caminhos da música de Yamandu.
E os dois chegam ao final da apresentação executando brilhantemete composições de Astor Piazzolla e Edith Piaf, temas caros aos franceses, que retribuem com generosa e demorada reverência à dupla.
Yamandu ganhou a platéia do festival, com sua simplicidade de garoto do interior e seu incontestável talento de artista do mundo.
Carlos Dias Lopes
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