Toulouse é parte da história da aviação mundial - Cultura Alternativa

Toulouse é parte da história da aviação mundial

Toulouse é parte da história da aviação mundial

Texto de Carlos Dias Lopes para o Site Cultura Alternativa

Durante a primeira grande guerra mundial, por razões de segurança, a incipiente fabricação de aviões na França foi deslocada da região de Paris para o sul do país.

Hoje concentrada nos arredores da efervescente cidade de Toulouse, capital da Occitania, a indústria aeroespacial francesa é um colosso econômico que dá enorme contribuição para tornar a França uma das sete grandes potências mundiais.

Uma dessas indústrias é a Airbus, maior fabricante de aviões comerciais do mundo, igualmente relevante no mercado de helicópteros e aeronaves de guerra.

Na verdade, os sítios industriais da Airbus estão divididos em quatro países: além da França, são montados aviões ou partes deles na Inglaterra, Alemanha e Espanha.      

No entanto, por conta da presença ostensiva e histórica e desse segmento industrial na cidade, Toulouse respira e vive aviões.

Quem é de fora pode começar a decolar nessa história conhecendo o exuberante museu ‘’Aeroscopia’’, dedicado à trajetória da aviação francesa e mundial, e na sequência engatar uma visita às gigantescas instalações das linhas de montagem dos aviões comerciais da Airbus, os onipresentes A 300.

Um pouco de história: no começo do século XX, um industrial pioneiro, Pierre George Latécoère, instala-se na cidade e dá início a uma intrépida linha de correios, a Aeropostale. Contando com o heroísmo e a coragem de pilotos como Antoine de Saint- Exupéry, entre outros, os convertidos aviões de guerra de Latécoère atravessam o Atlântico para entregar cartas e encomendas em lugares tão fugidios como Pelotas, no Rio Grande do Sul.

A Latécoère vira a Air France, em 1933. E a Air-France é a primeira grande companhia a encomendar para sua frota seis modelos A 300, em 1970. Este pragmático avião de passageiros de grande porte para longas distâncias foi o primeiro projeto do consórcio Airbus. A fabricante surgiu naquele mesmo ano, com capital francês, espanhol e alemão, e pessoa jurídica com sede em Toulouse.

Na visita ao parque de ‘’assemblage’’ dos A 300 (A de avião e 300 reportando ao número médio de passageiros que poderiam comportar suas fuselagens) é possível ver reunida num hangar, como se fossem brinquedinhos coloridos, boa parte da família dessas aeronaves hoje em uso mundo afora e emprestando prestígio às suas companhias proprietárias, o que atesta o absoluto sucesso do cinquentenário projeto.

Toulouse é parte da história da aviação mundial.

Outra atração da visita é um prédio quadrado, de estrutura metálica, onde dia e noite dois mil engenheiros trabalham não só para criar soluções tecnológicas para tudo o que se refira ao funcionamento dos aviões da Airbus, como também buscam aperfeiçoar o que já está em uso, do sistema eletrônico para controle de voo à torneira da pia do toilette.

A coleção de modelos da família dos A 300 a que nos referimos acima é, na verdade, o esquadrão de protótipos à disposição para todo tipo de teste. Eles decolam e aterrissam no mesmo aeroporto de Toulouse utilizado pelas linhas comerciais que servem à cidade.

Atenção ao leitor cuja próxima viagem inclua Toulouse. Trata-se de um espaço aéreo sagrado para a aviação do planeta Terra. Como já dito, era dali que partiam os bravos pilotos de Latécoère encarregados de levar correspondências ao outro lado do Atlântico em viagens que duravam até 50 horas.

Foi dali também que em 1955 decolou um protótipo do revolucionário Caravelle, o primeiro avião a jato de passageiros, fabricado pela Sud-Aviation, (que depois virou a Aerospatiale, que por sua vez criou a Airbus).

Sud SE-210 Caravelle III – Air France

Caravelle, um dos aviões desenvolvidos em Toulouse   

Foi ainda de Toulouse que partiu em 1969 para seu primeiro voo o assombroso projeto Concorde, o primeiro avião supersônico de passageiros do mundo, capaz de voar a mais de 2.100 kms por hora (duas vezes a velocidade do som) e que deixava executivos franceses às 9h da manhã em Nova Iorque, antes mesmo que tivessem deixado Paris (de onde, em acordo com o fuso horário, teriam partido às 11h).     

E é dali que a cada mês decola o inacreditável número de 50 aeronaves novinhas em folha, zero quilômetro, que passarão a servir a companhias aéreas e a passageiros de todos os quadrantes do planeta.                   

A 350, um dos modelos de sucesso hoje fabricados pela Airbus 

F-HTYA: Air France Airbus A350-900 (First In Fleet) 

Artigos de -> Carlos Dias Lopes 

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