A coroação do Rei Charles III e o compromisso com a estabilidade de seu reino
Nessa segunda-feira, 08 de maio, se encerrou os três dias da cerimônia de coroação de Sua Alteza Real Rei Charles III e sua Rainha Camila.
Após a morte da Rainha Elizabeth II o então Príncipe de Gales Charles é elevado a condição de monarca regente, situação que se extinguiu nesse sábado após a cerimônia de coroação e sua ascensão definitiva ao trono do Reino Unido e da Commonwealth britânica.
Todavia, alguns pontos devem ser destacados em relação a cerimônia, tendo em vista a enormidade de detalhes que escapa aos nacionais de outros países dificultando, dessa forma, a exata compreensão do evento.
A coroa utilizada para coroar o monarca do Reino Unido é a de St. Edward, na Abadia de Westminster, em Londres. Tradicionalmente, a cerimonia de coroação é realizada na Abadia de Westminster.
Uma curiosidade sobre a coroa de St. Edward é que ela só é utilizada na coroação, assim sendo o Rei Charles III não irá a utilizar novamente.
Ao ser coroado, o Rei Charles III fez o seguinte juramento: “Eu, Charles, solene e sinceramente na presença de Deus, professo, testemunho e declaro que sou um fiel protestante e que irei, de acordo com a verdadeira intenção das leis que garantem a sucessão protestante ao trono, defender e manter as referidas promulgações com o melhor de meus poderes de acordo com a lei”. Também afirmou, como sua mãe havia feito, que: “Em seu nome e a seu exemplo não venho para ser servido, mas para servir”.
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Diversas críticas foram realizadas a coroação ou ao instituto da monarquia, alguns que irei refutar a contar de agora.
A cerimônia de coroação tem um enorme custo para os cofres públicos: costumo achar curioso esse comentário, pois a última coroação britânica ocorreu há 71 anos quando a Rainha Elizabeth II ascendeu ao trono. A coroação do Rei Charles II
I, de acordo com algumas fontes, custou US$ 125 mil, ou, em reais R$ 628 mil. Curiosamente, foi o mesmo valor da posse do Presidente Lula, contudo esse custo ocorre a cada quatro anos enquanto em uma monarquia apenas na coroação de um novo monarca.
Considerando a longevidade da família real britânica podemos estimar que a próxima irá ocorrer no prazo mínimo de 20 anos enquanto os defensores da república irão pagar, no mínimo, cinco posses.
Frente a isso qual sistema é mais caro ao final das contas? Ao final desse ponto chegamos a outra grande preocupação dos republicanos com a monarquia: ainda temos o custo de manter uma família real, isso vale a pena?
A principal fonte de renda da família real vem do Sovereign Grant (Subsídio Soberano) que em 2022 foi definido em £ 86,3 milhões (R$ 549 milhões) um valor 1.3% menor que 2021. Nesse valor o custo da família real britânica é de R$ 6 ao mês por cidadão britânico.
Para fins comparativos temos o governo Lula II em que se gastou apenas com cartão corporativo o valor de R$ 13.651.977,23 ao ano, e, o de Bolsonaro que gastou R$ 11.297.276,77 ao ano. Não estão computados os gastos da Presidência com viagens, hotéis e tantos outros gastos necessários.
Contudo, a família real traz lucratividade em relação aos itens vendidos anualmente em relação a casa real, tem um forte poder certificados tendo em vista que os fornecedores da casa real podem ostentar os selos reais do rei ou do Príncipe de Gales o que aumenta o valor dos produtos, pois se a casa real compra daquele fornecedor é sabida a qualidade do mesmo.
Quando alguém vai a Inglaterra dificilmente não irá comprar uma lembrança da monarquia britânica, seja do rei, do príncipe de Gales ou ainda da instituição.
Na atualidade, muitos ainda irão comprar canecas da coroação, assim como outras espécies de lembranças. Ninguém irá comprar lembranças de uma posse do presidente de ocasião exceto se for do partido em específico.
A monarquia é machista e retrógrada – argumento fraquinho e que demonstra que a pessoa não é atenta a detalhes. Falemos primeiro em relação ao suposto machismo o que é simples, pois basta observar que a esposa do Rei se torna Rainha, no entanto o esposo da Rainha se torna Príncipe consorte. Qual status é mais elevado para quem vê externamente? Além disso, um dos membros mais celebrados na história da monarquia britânica é a Rainha Vitória ainda no século XIX.
Em relação a ser retrógrada além da família real estar cada vez mais presente nas mídias sociais se comunicando diretamente com seus súditos, e, inclusive com cidadãos de outras nações, a modernização da família real vem ocorrendo diariamente, em especial no sentido de ficar mais próximo de sua população.
A família real britânica tem se mostrado atenta aos mais diversos temas, visto que o Rei Charles III defende pautas ambientais há décadas, antes mesmo de muitos críticos sobre ele.
William, o Príncipe de Gales, tem se mostrado extremamente atualizado na criação de seus filhos e os preservado das obrigações da monarquia, enquanto crianças, exceto quando não for possível. Além disso, todos os membros da família possuem negócios privados e vem reduzindo anualmente os valores do subsídio soberano.
Como visto, pelo dito anteriormente, a esmagadora maioria dos argumentos são facilmente refutáveis, mas ainda temos dois aspectos a considerar: monarquias são ligadas a memória afetiva das nações, pois como disse um comentarista da CNN na coroação “não conheço ninguém que chame seu filho/filha de ‘minha presidentinha/meu presidentinho”, mas a esmagadora maioria das pessoas chama ‘minha princesa/meu príncipe’, e, se alguém chegar na Bahia você ainda vai ser chamado de ‘meu rei’”.
O segundo aspecto é a estabilidade do Estado Britânico, pois quem se atentou à saída da Abadia de Westminster, enquanto o Rei e a Rainha estavam na carruagem utilizada em coroação, o Príncipe e a Princesa de Gales iam em sua carruagem pessoal com os filhos, dessa forma nas duas carruagens víamos os monarcas atuais, e, na segunda a sucessão do trono por duas gerações: o Príncipe William e seu filho George, em outras palavras vimos, provavelmente, mais um século de família real.
Enquanto isso, os sábios republicanos ficam apostando em uma loteria a cada quatro anos. Assim sendo, longa vida ao Rei e que seu reinado seja repleto de sucesso e fortuna a si e a seus súditos.
Artigo – Sandro Schmitz dos Santos – Analista e Consultor Internacional, Sócio-Diretor da Austral Consultoria [www.austral.cc]
e-mail: sandro.schmitz@austral.cc
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