Exame de Mamografia
CFM Solicita Revisão das Diretrizes para Mamografias: O Que Isso Significa para as Mulheres Brasileiras?
O Conselho Federal de Medicina (CFM) pediu à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que revogue a recomendação de iniciar as mamografias apenas a partir dos 50 anos.
O órgão defende que os exames sejam realizados a partir dos 40 anos, com periodicidade bienal, como forma de ampliar a detecção precoce do câncer de mama.
Mas quais são os impactos dessa mudança? Há consenso entre especialistas? E como essa decisão pode afetar o acesso ao exame no Brasil?
Por aqui, vamos analisar diferentes perspectivas, comparar diretrizes internacionais e refletir sobre os desafios práticos dessa proposta.
As Diretrizes Atuais e a Posição do CFM
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue as recomendações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que indicam a mamografia bienal para mulheres entre 50 e 69 anos.
Essa diretriz se baseia em estudos que consideram a relação entre os benefícios e os riscos do rastreamento, como o sobrediagnóstico e os resultados falso-positivos.
Já o CFM, juntamente com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), argumenta que a mamografia deveria começar aos 40 anos, uma vez que 40% dos diagnósticos de câncer de mama no Brasil ocorrem antes dos 50 anos, e 22% das mortes pela doença atingem mulheres abaixo dessa idade.
Segundo essas entidades, a detecção precoce permite tratamentos menos invasivos e melhora as chances de sobrevida.
A ANS, por outro lado, propôs a manutenção da diretriz vigente, alinhada com o INCA, recomendando a mamografia apenas a partir dos 50 anos na rede suplementar.
Esse posicionamento gerou preocupações entre especialistas que defendem o acesso ao exame em idades mais precoces.
Exame de Mamografia
Como Outros Países Abordam o Rastreamento do Câncer de Mama?
O Brasil não é o único país a enfrentar debates sobre a idade ideal para a mamografia de rastreamento. Há divergências entre diretrizes internacionais:
- EUA: A American Cancer Society recomenda que as mulheres possam começar a mamografia anual aos 40 anos, mas sugere que a partir dos 45 o exame seja feito com maior regularidade.
- Europa: Em países como Reino Unido e França, o rastreamento geralmente começa aos 50 anos, como no Brasil, devido a estudos que indicam que o benefício é maior nessa faixa etária.
- Canadá: As diretrizes indicam rastreamento a partir dos 50 anos, mas permitem que mulheres entre 40 e 49 anos façam exames caso tenham histórico familiar ou outros fatores de risco.
Essas diferenças mostram que não há um consenso absoluto. Cada país ajusta suas recomendações conforme as características de sua população e a capacidade de seu sistema de saúde para oferecer exames de qualidade.
Exame de Mamografia
Impactos da Mudança: Benefícios e Desafios
Caso a recomendação do CFM seja aceita, quais seriam os principais efeitos?
1. Aumento na Detecção Precoce
A antecipação da mamografia pode levar à descoberta da doença em estágios iniciais, reduzindo a necessidade de tratamentos agressivos, como quimioterapia e mastectomia total. Estudos indicam que tumores identificados precocemente têm taxas de sobrevida significativamente maiores.
2. Sobrediagnóstico e Ansiedade Psicológica
Por outro lado, um aumento nos exames pode gerar mais diagnósticos de lesões que não evoluiriam para câncer agressivo, levando a tratamentos desnecessários. Além disso, os falso-positivos podem causar ansiedade nas pacientes, levando a biópsias e procedimentos invasivos que poderiam ser evitados.
3. Impacto no Sistema de Saúde
O SUS enfrenta desafios como filas longas e dificuldades no acesso a exames. Se a mamografia for ampliada para todas as mulheres a partir dos 40 anos, será necessário avaliar se há estrutura suficiente para atender essa demanda sem comprometer a qualidade do rastreamento.
Na rede suplementar, a inclusão da mamografia a partir dos 40 anos pode gerar aumento dos custos dos planos de saúde, impactando diretamente os valores pagos pelos beneficiários.
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O Que Dizem os Especialistas?
Além do CFM e da SBM, especialistas em saúde pública ressaltam que a ampliação da mamografia precisa ser feita de forma planejada, garantindo que as mulheres tenham acesso ao exame e ao acompanhamento adequado.
O grande desafio não é apenas oferecer a mamografia, mas garantir que o diagnóstico precoce resulte em tratamento eficaz e acessível para todas.
Ao mesmo tempo, organizações como o INCA reforçam que as diretrizes precisam considerar estudos populacionais sólidos e evitar medidas que possam causar mais danos do que benefícios.
Diante dessas opiniões divergentes, fica claro que a decisão sobre a idade para iniciar a mamografia não é simples. O mais importante é que as mulheres estejam bem informadas e conversem com seus médicos para decidir o melhor caminho.
Exame de Mamografia
Conclusão: Qual o Melhor Caminho?
O pedido do CFM para revisão das diretrizes de mamografia reacendeu um debate importante sobre prevenção do câncer de mama no Brasil.
Embora a detecção precoce seja essencial para aumentar as chances de cura, também é preciso ponderar os impactos da ampliação do rastreamento, desde os custos até os efeitos psicológicos.
A decisão final sobre essa mudança deve considerar não apenas evidências científicas, mas também a realidade do sistema de saúde brasileiro e o acesso da população a exames e tratamentos.
Enquanto o impasse não se resolve, a recomendação mais segura para as mulheres continua sendo a de conversar com seus médicos e avaliar fatores de risco individuais para definir a melhor estratégia de prevenção.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
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