O Brasil encerrou 2024 com 56.833 academias em funcionamento, conforme levantamento da Smart Fit com dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do IBGE.
Esse número representa quase três vezes mais estabelecimentos do que em 2014, quando o país contava com 19.266 unidades.
Trata-se de uma evolução expressiva que consolida o Brasil como o segundo maior mercado do mundo em número de academias, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo a International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA).
Além da expansão em infraestrutura, o setor movimenta mais de R$ 20 bilhões por ano, evidenciando seu papel crescente na economia e seu vínculo direto com a promoção da saúde e da longevidade.
Academias no Brasil
Estilo de vida saudável: o novo desejo nacional
O crescimento do mercado fitness brasileiro está alinhado à crescente conscientização da população sobre os benefícios dos exercícios físicos. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) e do Ministério da Saúde mostram que a prática de atividades físicas tem aumentado entre jovens e adultos, com destaque para mulheres e pessoas acima dos 60 anos.
O envelhecimento populacional é uma das chaves desse movimento. Projeções do IBGE indicam que, até 2030, os idosos representarão uma parcela significativa da população brasileira.
Nesse contexto, a musculação, o pilates e o treinamento funcional se consolidam como ferramentas importantes na promoção da autonomia e da prevenção de doenças crônicas.
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Tecnologia, diversidade e novos modelos de academia
A digitalização do setor também teve papel fundamental nessa transformação. Após a pandemia, muitas academias passaram a adotar modelos híbridos de treinamento, com aulas presenciais e online, aplicativos personalizados e monitoramento remoto do desempenho dos alunos.
Além disso, o surgimento de academias 24 horas, espaços em condomínios, treinos ao ar livre e planos de baixo custo ampliou o alcance do público.
Redes como Smart Fit e Bluefit cresceram nacionalmente com uma proposta de democratização, enquanto academias de nicho apostam na personalização do atendimento e na criação de comunidades mais próximas.

Desigualdades regionais e desafios do setor
Apesar dos avanços, o mercado enfrenta desafios importantes. A distribuição das academias ainda é desigual: a maior concentração está no Sudeste e Sul, enquanto o Norte e parte do Nordeste seguem com cobertura limitada.
De acordo com o Sebrae, fatores como renda média, densidade urbana e infraestrutura influenciam diretamente na implantação de estabelecimentos do setor.
Outro ponto sensível é a qualificação e valorização dos profissionais de educação física. Muitos atuam sem contratos formais ou com baixa remuneração, o que pode comprometer a qualidade do atendimento e a segurança dos praticantes.
Além disso, o abandono precoce das atividades físicas ainda é alto. Dados do Instituto Datafolha, em parceria com o Fórum Brasileiro de Atividade Física, indicam que cerca de 45% das pessoas desistem da academia nos primeiros três meses. A falta de acompanhamento, motivação e estratégias personalizadas são fatores relevantes nesse cenário.
Academias no Brasil
Tendências para os próximos anos
A expectativa para os próximos anos é de que o setor continue em expansão, mas com foco em qualidade, inovação e bem-estar integral. A personalização do treino, o uso de inteligência artificial para prescrição de exercícios e a integração com áreas como nutrição e saúde mental já fazem parte da realidade de academias mais estruturadas.
A prescrição de exercícios físicos como tratamento complementar para doenças crônicas também ganha espaço, conforme apontam artigos da Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Isso deve estreitar os laços entre o universo médico e o fitness.
Outro aspecto em ascensão é a sustentabilidade. Academias que utilizam energia gerada pelos próprios equipamentos, reduzem o uso de plástico e economizam água se destacam como exemplos de negócios alinhados aos valores ambientais contemporâneos.
Por fim,
A impressionante expansão do mercado fitness no Brasil reflete não apenas um crescimento econômico, mas uma mudança de mentalidade coletiva.
Em meio a desafios sociais e desigualdades regionais, o ato de se exercitar passou a ser reconhecido como um investimento em saúde, autoestima e longevidade.
Mais do que uma tendência passageira, o movimento fitness no Brasil representa um caminho possível — e necessário — para uma sociedade mais ativa, equilibrada e conectada com o próprio corpo.
Em tempos de transformações profundas, é nas pequenas rotinas de cuidado que se constrói um futuro mais saudável.
✍️ Anand Rao e Agnes Adusumilli
Para o site Cultura Alternativa
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