Ana Maria Machado
Aos 82 anos, Ana Maria Machado continua sendo uma das maiores referências na literatura brasileira, tanto para crianças quanto para adultos.
Com mais de 100 livros publicados, traduzidos para diversas línguas, e aproximadamente 8 milhões de exemplares vendidos, a escritora demonstra que o tempo não é barreira para a criação.
Recentemente, durante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, ela lançou três novas obras e reforçou sua paixão pela escrita: “Eu gosto do que faço!”, afirmou a autora, destacando que a ideia de parar nunca passou por sua mente.
A força da infância na criação literária
Ana Maria Machado sempre encontrou inspiração no cotidiano e, especialmente, em suas vivências com os mais jovens.
Seu mais recente romance infantil, Sonho. Sina. Joaquim, surgiu a partir das memórias de seu neto brincando na infância.
A autora explica que escrever para o público infantil é uma forma de questionar o mundo, desafiando suas próprias percepções e permitindo que seus leitores, jovens e adultos, façam o mesmo.
A relação de Ana com a infância vai além da observação familiar. Ela própria foi marcada por uma educação em que o brincar e a arte sempre tiveram um papel central.
Sua mãe, uma das primeiras educadoras no Espírito Santo, acreditava na importância dos trabalhos manuais e do aprendizado por meio de brincadeiras.
Essa abordagem formativa deixou marcas profundas na escritora, que hoje repassa esses valores em suas obras.
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Ana Maria Machado
A pandemia e a renovação da escrita
Apesar da crise gerada pela pandemia, Ana Maria Machado encontrou, em meio ao caos, uma oportunidade de reflexão. O isolamento e a mudança no ritmo de vida impulsionaram novas abordagens criativas, levando-a a revisitar memórias e reflexões familiares, que agora se transformam em literatura.
Sua obra recente A Faca, por exemplo, foi inspirada em diários e memórias de sua família, especialmente na relação dos avós com o cotidiano.
O processo de escrita, segundo Ana, continua a ser uma forma de expressão libertadora. Mesmo com tantos anos dedicados à literatura, ela ainda encontra novos caminhos para narrar histórias e explorar temas atuais.
A pandemia trouxe à tona questões sobre o futuro e sobre como as pessoas reagem em tempos de incerteza, algo que ela tem tratado de forma recorrente em suas produções.
Ana Maria Machado
Cotidiano como fonte de inspiração
Ana Maria Machado tem uma conexão profunda com o cotidiano e a natureza. A escritora revela que muitas de suas histórias surgem durante caminhadas ou momentos de lazer em meio à natureza.
Residindo no Rio de Janeiro, Ana encontra inspiração nas praias e áreas verdes que cercam a cidade.
Para ela, esses momentos de contemplação e convivência com a família são essenciais para renovar as ideias e buscar novas perspectivas.
Apesar de ser mãe de cinco filhos, Ana ainda mantém a energia e o entusiasmo de uma aventureira. Desenhar, fotografar e cozinhar são atividades que preenchem seu tempo livre e, de certa forma, também influenciam sua escrita.
Ela comenta com carinho sobre suas refeições, sobre fazer panquecas para a família, e como pequenos gestos do cotidiano se transformam em histórias cheias de vida e significado.
Uma carreira que desafia o tempo
Enquanto muitos escritores planejam a aposentadoria, Ana Maria Machado segue firme, sem pensar em parar. “Eu continuo escrevendo, e isso me faz bem”, diz a autora, que nunca se viu sem o ato de criar.
Mesmo com a percepção de que está mais cansada e que deveria, talvez, ter diminuído o ritmo, Ana ainda se sente motivada a trabalhar em novos projetos literários. Para ela, a escrita nunca foi apenas uma profissão, mas sim uma paixão.
Ela reconhece que, com o tempo, alguns desafios surgiram, como o cansaço físico e a demanda mental de continuar produzindo em ritmo acelerado.
No entanto, o prazer em criar, em contar histórias, e em fazer parte da vida de seus leitores prevalece.
O segredo, segundo Ana, está em nunca deixar de ser atual e em manter o desejo de desafiar a si mesma como escritora.
Ana Maria Machado
O futuro sem pressa
Ana Maria Machado não tem grandes preocupações com o futuro. “Eu não me planejo, não fico pensando nos anos que virão”, afirma. Para ela, o importante é viver o presente e continuar fazendo o que gosta.
A ideia de envelhecimento não a preocupa, e ela encara o tempo como uma oportunidade para seguir em frente, sempre explorando novas formas de contar histórias e se comunicar com o público.
Embora seja uma escritora consagrada e premiada, Ana não se vê como uma “profissional da escrita” no sentido tradicional. Escreve para si mesma, por prazer, e isso reflete o espírito livre que permeia toda a sua carreira.
“Eu gosto do que faço!” é o lema que a move, e parece que ainda veremos muitos outros lançamentos de Ana Maria Machado no futuro, sempre com a mesma autenticidade e inspiração que marcaram suas décadas de dedicação à literatura.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa