CAPITU E O CAPÍTULO - Cultura Alternativa

CAPITU E O CAPÍTULO, FILME DE JULIO BRESSANE

CAPITU E O CAPÍTULO, NOVO FILME DE JULIO BRESSANE

Inspirado na obra de Machado de Assis, filme traz Mariana Ximenes, Vladimir Brichta e Enrique Diaz nos papéis principais

Um dos maiores clássicos da literatura nacional, Dom Casmurro, ganha uma nova leitura cinematográfica.

Em CAPITU E O CAPÍTULO, o diretor parte do que há de mais cinematográfico em Machado de Assis, e, em suas palavras, “a trama machadiana, distorcida, é transpassada por cenas, trechos, farrapos de filmes e texturas que se desdobram em capítulos de uma ficção escondida, ainda não vista, que se desvela, e recomeça em outro solo, em outro cosmos…”.

CAPITU E O CAPÍTULO

O título parte de um pequeno poema que Haroldo de Campos declamou ao próprio Bressane, em 1984. “‘O importante no Dom Casmurro não é a Capitu, mas o capítulo…’, disse-me. Capitu/Capítulo, este breve e lapidar poema, logo que o ouvi pela primeira vez, fiquei enfeitiçado, possuído por sua brevidade musical.

Porém, naquele momento, não percebi, não alcancei, não compreendi toda sua extensão… Extensão na qual o Capítulo é pathos, emoção ultra acumulada, emoção extrema represada, escondida lá no fundo, oculta por severa sombra, bloqueada, sem saída. Pathologico.”

No filme, Mariana assume o famoso papel de Capitu, cujos “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” seduzem o jovem Bentinho (Vladimir), que, anos mais tarde, na maturidade, narra toda essa história, assumindo o apelido de Casmurro (Enrique). O que era amor se tornou um ciúme doentio, em devaneios do protagonista, que acabaram consumindo a paixão.

Bressane viu em Machado a possibilidade de o transformar em filme, novamente, como já fizera com “Memórias Póstumas de Brás Cubas“, em 1985.

“A prosa capitular sugere a montagem cinematográfica. Os capítulos são retalhos de outros capítulos, de outras ficções, de outros recomeços, traço apagado de um perfil”, comenta sobre Dom Casmurro.

“Machado de Assis um inovador e inventor, momento alto na língua portuguesa, escreveu no século XIX e início do século XX. Viveu toda sua vida, sua existência, no Rio de Janeiro.

Em um meio importado, Machado chamava ‘cultura de empréstimo’, procurou fixar e expandir e respirar, naquele solo hostil, a literatura (clube Rabelais) e a música (clube Beethoven)”, complementa.

CAPITU E O CAPÍTULO

A música, por sua vez, é outro elemento importante em CAPITU E O CAPÍTULO. “A trilha é feita da contribuição dos sons provenientes do instante da gravação da própria cena.

Longos silêncios, pios de pássaros, passos, abalos sísmicos, trovões, castanholas, gotejar da água, roçar do vento, rangidos de madeira seca, o fervor das ondas revoltas do mar, a sonoridade de certas palavras, a sonoridade de certas imagens, cordas da viola e do violino, o samba na voz grave de Jamelão, toda essa colcha sonora de retalhos compõe a música do filme.”

Sinopse

Olhares, atitudes, vicissitude e passionalidade, novas e antigas percepções. Trama que permeia a inquietude trazida pelo sentimento mais primitivo que o ser humano pode experimentar, criando e sorvendo o fantasma criado pelo ciúme, desdobrando-se em intrigas capitulares criadas por Bentinho em devaneios que o tomam sobremaneira pelo amor doentio por sua Capitu.

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