Desemprego em alta, empregos formais em expansão

Desemprego em Alta, Empregos Formais em Expansão: o Brasil entre Contrastes e Tendências

O Brasil iniciou 2025 diante de um cenário econômico aparentemente contraditório. Segundo dados divulgados pelo IBGE, a taxa de desemprego subiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro.

Apesar da elevação, esse índice representa o menor para o mês desde 2014. O dado, embora positivo em termos históricos, exige uma leitura atenta: o mercado de trabalho formal se fortalece, mas parte da população ainda enfrenta insegurança e instabilidade.

Desemprego no trimestre

Oscilações Sazonais e Realidade Pós-Festas

A elevação do desemprego nos primeiros meses do ano é, em parte, reflexo do comportamento sazonal do mercado brasileiro. A redução nas contratações temporárias que ocorrem no fim do ano, especialmente no comércio, contribui diretamente para esse aumento.

No entanto, ao compararmos com o mesmo período de 2024, quando a taxa era de 7,8%, observa-se uma tendência de melhora consistente.

Esse movimento, embora cíclico, não deve ser interpretado como mero ajuste natural. Ele revela a dependência de setores com alta rotatividade e salários menores, onde o vínculo empregatício é muitas vezes precário e limitado ao curto prazo.

Recorde Histórico de Empregos com Carteira Assinada

Um dos pontos mais destacados no relatório do IBGE foi o avanço do emprego formal. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu 39,6 milhões, o maior patamar já registrado desde o início da série histórica em 2012.

Essa marca não apenas sinaliza uma recuperação econômica, como também aponta para uma reconfiguração do mercado, com mais empresas optando por vínculos trabalhistas estáveis.

Esse dado vem acompanhado de outro indicador relevante: o rendimento médio real da população ocupada chegou a R$ 3.378, também um recorde.

A combinação de maior formalização e aumento da renda traz efeitos positivos para o consumo interno e a arrecadação de tributos, além de oferecer maior segurança para o trabalhador.

Desemprego no trimestre

Desigualdades Persistem: Jovens e Mulheres Ainda Mais Atingidos

Apesar dos bons números agregados, há importantes recortes que merecem atenção. Dados complementares do IBGE mostram que a taxa de desocupação entre jovens de 18 a 24 anos ainda ultrapassa 20%, enquanto mulheres e pessoas negras enfrentam índices consistentemente superiores à média nacional.

A recuperação do emprego formal não tem avançado com a mesma força entre os grupos historicamente marginalizados.

Além disso, regiões como o Norte e o Nordeste ainda registram taxas de informalidade acima de 45%, o que evidencia disparidades profundas e limitações estruturais no acesso a empregos qualificados e protegidos.

Emprego em Alta Pressiona a Economia?

O aquecimento do mercado de trabalho também chama atenção do Banco Central. O crescimento da renda e da ocupação pode exercer pressão inflacionária, principalmente em setores como alimentação e serviços.

Em fevereiro, o Brasil registrou a criação de 431.995 novas vagas com carteira assinada, de acordo com dados do Caged. Esse ritmo acelerado desafia a política monetária, que precisa equilibrar estímulos ao crescimento com o controle de preços.

Especialistas apontam que o atual ciclo de expansão do emprego formal exige atenção redobrada às medidas de estímulo fiscal e às políticas de crédito. Se mal calibradas, podem gerar desequilíbrios que comprometam a sustentabilidade do avanço econômico.

Desemprego no trimestre

Novas Demandas, Novos Caminhos

O mercado de trabalho brasileiro passa por uma transformação silenciosa. A digitalização de processos, o avanço da inteligência artificial e as mudanças no perfil do consumidor exigem novas competências.

Áreas como tecnologia da informação, energias renováveis, saúde e logística se consolidam como polos de geração de emprego, enquanto funções tradicionais perdem espaço.

Nesse contexto, políticas públicas que estimulem a qualificação profissional, especialmente entre os mais jovens e desempregados de longa duração, tornam-se prioridade.

Investir em educação técnica e em programas de requalificação pode ser decisivo para que o país aproveite o bom momento do mercado formal de forma mais equitativa.

Por fim,

O Brasil vive um paradoxo: o desemprego cresceu, mas os indicadores formais de ocupação e rendimento atingem patamares recordes. O desafio está em entender que crescimento estatístico nem sempre significa inclusão plena. A sustentabilidade dessa recuperação depende da capacidade de ampliar o acesso ao trabalho digno e combater desigualdades históricas, regionais e sociais.

O país se encontra em uma encruzilhada: pode consolidar um novo ciclo de desenvolvimento mais inclusivo ou repetir padrões de crescimento restrito. A escolha, agora, exige mais do que números — exige direção.

Anand Rao e Agnes Adusumilli

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Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada pelo IBGE.

SOBRE O ASSUNTO

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Mais sobre a pesquisa

A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados.

Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.

Consulte os dados da PNAD no Sidra.

Fonte IBGE

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