Google homenageia os 88 anos de João do Vale

Google homenageia os 88 anos de João do Vale

A redação do Cultura Alternativa está em festa. Um grande mestre da música popular brasileira está sendo homenageado hoje pelo doodle do Google. Em meio a este mar de música sem qualidade, um mestre, cujo o único disco foi produzido por Chico Buarque de Holanda é homenageado.

Nossas passagens com ele

Primeira passagem – O Deputado Eurico Ribeiro, meu tio e padrinho, trouxe o mesmo para visitar a casa do Professor Bhaskara Rao, meu pai. Eu menino, apaixonado por música, vi aquele ícone na casa onde moro atualmente. Foi inesquecível.

Segunda passagem – Bebemos com ele no interior do Maranhão e entramos em coma alcóolica (risos). Inesquecível.

Terceira passagem – Em Vitória do Espírito Santo encontramos com ele, eu e o poeta Lúcio Andrade. Ele nos convidou para tomar um café, era cedo da manhã. Nos ofereceu um uísque triplo.

Que mestre, um grande mestre da música brasileira.

Google homenageia os 88 anos de João do Vale

Quem é João do Vale

João Batista do Vale gostava muito de música desde pequeno, mas logo teve de trabalhar para ajudar a família. Aos 13 anos, foi para São Luís/MA, onde vendia laranjas na rua e participou de um grupo de bumba-meu-boi, o Linda Noite, como “amo” (na cultura popular maranhense, amo é a pessoa que organiza o grupo de bumba meu boi, o cantador, na maioria das vezes o dono daquele grupo).[2]

Dois anos depois, começou sua viagem para o sul, pegando um trem para Teresina, e depois sempre em boleias de caminhões: em Fortaleza CE, foi ajudante de caminhão; em Teófilo Otoni MG, trabalhou no garimpo; e no Rio de Janeiro RJ, onde chegou em dezembro de 1950, empregou-se como ajudante de pedreiro, numa obra no bairro de Ipanema

Passou a frequentar programas de rádio para conhecer os artistas e apresentar suas composições, na maioria baiões. Depois de dois meses de tentativas, teve uma música de sua autoria gravada por Zé Gonzaga, Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Em 1953, Marlene lançou, em disco, Estrela miúda, que também teve êxito; outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram então músicas de sua autoria.

Em 1954, participou como figurante do filme Mãos Sangrentas, dirigido por Carlos Hugo Christensen. João do Vale conheceu Roberto Farias – na época assistente de direção, – que, ao se transformar em diretor, convidou o compositor para musicar alguns de seus filmes, como No Mundo da Lua, de 1958. Além disso, em 1969, ele comporia a trilha sonora de Meu Nome é Lampião, de Mozael Silveira.

Em 1962, Luiz Gonzaga grava a canção De Teresina a São Luiz, que retrata a ferrovia São Luís-Teresina.

Em 1964, estreou como cantor no restaurante Zicartola, onde nasceu a ideia do Show Opinião, dirigido por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, e que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro. Dele participou, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música Carcará (com a participação de José Cândido), a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora, que substituiu Nara no espetáculo.

Como compositor, em 1969, fez a trilha sonora de Meu nome é Lampião (de Mozael Silveira).

Depois de se afastar do meio musical por quase dez anos, lançou, em 1973, Se eu tivesse o meu mundo (com Paulinho Guimarães) e, em 1975, participou da remontagem do Show Opinião, no Rio de Janeiro.

Em 1982 gravou seu segundo disco, ao lado de Chico Buarque, que, no ano anterior, havia produzido o LP João do Vale Convida, com participações de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zé Ramalho, entre outros.

No final dos anos 1980, o artista sofreu um derrame cerebral, que deixou sequelas. entre 1987 e 1990, precisando ficar em uma cadeira de rodas, e com capacidade de comunicação também reduzida.

Em 1995, Chico Buarque voltou a reverenciar o amigo, reunindo artistas para gravar o disco João Batista do Vale, com participação de Edu Lobo, Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Alceu Valença, e do próprio Chico Buarque, e que foi Prêmio Sharp de melhor disco regional.

Tem dezenas de músicas gravadas e algumas delas deram popularidade a muitos cantores: Peba na pimenta (com João Batista e Adelino Rivera), gravada por Ari Toledo; Pisa na fulô (com Ernesto Pires e Silveira Júnior), xote de 1957, gravado por ele mesmo; também o baião Coronel Antonio Bento (Luiz Wanderley e João do Vale), sucesso com Tim Maia; e Asa do Vento, que foi gravada por Caetano Veloso.

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Doodle Google obrigado

Se o Brasil não reconhece seus valores, obrigado ao Doodle Google por reconhecer. O Cultura Alternativa, nossa redação, todos nossos colabores estão emocionados.

Anand Rao

Editor Chefe

Cultura