Jovens estão mais infelizes - Cultura Alternativa

Jovens estão mais infelizes e redes sociais intensificam crise

Jovens estão mais infelizes e redes sociais intensificam crise

Um cenário de alerta global

Jovens estão mais infelizes, sobretudo em países ocidentais e ricos. Um estudo global recente, o Global Flourishing Study — conduzido entre 2022 e 2024 por instituições como Harvard e Baylor com dados da Gallup — mostra que a tradicional “curva em U” da felicidade está se achatando. Jovens de 18 a 29 anos apresentam níveis de florescimento bem mais baixos do que pessoas mais velhas.

Além disso, dados da plataforma TherapyRoute indicam que os desafios à saúde mental entre adolescentes continuam em ascensão em 2025, inclusive nos Estados Unidos. A faixa etária que deveria estar no auge da vitalidade é, paradoxalmente, a que mais sofre com ansiedade, depressão e desesperança.

Por consequência, especialistas alertam que essa insatisfação precoce pode se prolongar ao longo das décadas, criando um ciclo de infelicidade persistente. A juventude, antes idealizada como o período mais vibrante da vida, hoje enfrenta um cenário marcado por fragilidade emocional.

Além das redes, outros fatores pesam

Ademais, o ambiente digital tornou-se um catalisador desse processo. O relatório do NBER de 2025 mostra que o declínio da saúde mental coincidiu com a ascensão dos smartphones e redes sociais, afetando especialmente mulheres jovens. A comparação constante com padrões idealizados amplia sentimentos de inadequação e isolamento.

Contudo, as redes não são o único fator. O relatório global da UNICEF de 2025 aponta que seis em cada dez jovens da Geração Z sentem-se sobrecarregados com o excesso de notícias e crises mundiais, o que compromete o bem-estar emocional. A ansiedade climática, por exemplo, tornou-se um dos maiores motivos de estresse para os adolescentes e jovens adultos.

Finalmente, soma-se a isso um contexto econômico instável, marcado por desemprego, custo de vida elevado e pressão por produtividade. A juventude atual precisa construir identidade, carreira e perspectivas em meio a uma realidade de incertezas — desafio que intensifica a sensação de estagnação.

O paradoxo entre juventude e envelhecimento

Entretanto, o envelhecimento tem sido ressignificado de maneira positiva. Pessoas acima de 60 anos relatam níveis mais altos de bem-estar, valorizando conexões afetivas, liberdade e relações interpessoais em detrimento de conquistas materiais. O florescimento, antes associado apenas à juventude, tem se manifestado com mais força na maturidade.

Além disso, experiências práticas confirmam a importância de apoio adequado. Em Londres, o projeto Arc oferece um espaço acolhedor para jovens em crise, reduzindo a sobrecarga dos serviços hospitalares tradicionais. O modelo mostra que intervenções precoces e integradas podem transformar trajetórias de sofrimento em oportunidades de recuperação.

Portanto, vive-se hoje um paradoxo. A juventude, culturalmente idealizada como fase de plenitude, enfrenta turbulências emocionais. Enquanto isso, o envelhecimento, antes visto como declínio, surge como etapa de maior equilíbrio e satisfação.

Caminhos para transformar a realidade

Consequentemente, enfrentar o achatamento da curva da felicidade exige ação imediata. Relatórios da OMS destacam que cada dólar investido em saúde mental retorna 23 vezes em benefícios sociais e econômicos, mostrando que programas de prevenção e cuidado não são apenas necessários, mas estratégicos.

Por outro lado, mudanças individuais também podem fazer diferença. Limitar o uso excessivo das redes sociais, investir em vínculos genuínos e cultivar práticas de autocuidado são medidas acessíveis que ajudam a reduzir o impacto das pressões externas. Pequenos gestos de conexão e presença no cotidiano fortalecem o bem-estar.

Em síntese, reverter essa tendência é um desafio coletivo. Famílias, escolas, comunidades e governos precisam atuar juntos para devolver aos jovens a perspectiva de uma vida plena. Com cooperação e responsabilidade, é possível reconstruir o caminho da felicidade, oferecendo à juventude não apenas sobrevivência, mas também propósito e esperança.


Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa