Obesidade infantil supera desnutrição pela primeira vez na história
Pela primeira vez desde que há registros globais, o número de crianças e adolescentes obesos ultrapassou o de desnutridos.
Os dados, divulgados em 10 de setembro pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), revelam um marco histórico que exige atenção imediata de governos, famílias e sociedade.
A virada nos números da obesidade infantil
Entre os anos 2000 e 2025, a prevalência de desnutrição infantil caiu de 13% para 9,2%. Esse avanço demonstra o impacto positivo de políticas públicas de alimentação, campanhas de nutrição e maior acesso a alimentos básicos em diversas regiões.
Por outro lado, o mesmo período registrou um salto na obesidade infantil, que passou de 3% para 9,4%. Dessa forma, o problema da fome, embora ainda presente, perdeu espaço para uma nova ameaça: o excesso de peso entre crianças e adolescentes.
Obesidade
Desafios globais da alimentação moderna
Esse fenômeno está diretamente relacionado às mudanças no estilo de vida e à expansão do consumo de produtos ultraprocessados.
Além disso, a urbanização acelerada e a redução das atividades físicas ao ar livre contribuíram para a transformação do quadro nutricional.
Nesse contexto, muitas famílias de baixa renda encontram nos alimentos industrializados uma opção mais barata e prática do que frutas, legumes e proteínas frescas.
Em contrapartida, essa escolha expõe crianças e adolescentes a dietas pobres em nutrientes, mas ricas em açúcar, sal e gordura.
O resultado é um paradoxo: a má alimentação pode estar presente tanto em situações de escassez quanto de abundância.
Impactos da obesidade na saúde das crianças
A obesidade infantil vai muito além da estética. Ela está associada a doenças graves que podem se manifestar ainda na juventude, como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares.
Além disso, os impactos atingem também a saúde mental. Crianças e adolescentes com excesso de peso enfrentam maiores riscos de baixa autoestima, ansiedade e depressão.
Portanto, os dados divulgados pelo Unicef funcionam como alerta para uma geração que pode viver mais tempo, porém com menor qualidade de vida.
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Estratégias para combater a obesidade infantil
Para reverter esse cenário, especialistas defendem ações integradas. Entre elas estão:
- Regulação da publicidade de alimentos ultraprocessados voltada ao público infantil.
- Oferta de refeições equilibradas em escolas públicas e privadas.
- Promoção de atividades físicas como parte da rotina escolar e familiar.
Além disso, cabe às famílias adotar práticas que estimulem hábitos saudáveis. Priorizar refeições caseiras, incentivar o consumo de frutas e verduras e reduzir o acesso a refrigerantes e produtos industrializados são passos essenciais para proteger as novas gerações.
Um desafio que pede ação imediata
O fato de a obesidade infantil superar a desnutrição não deve ser visto como vitória, e sim como sinal de que o mundo precisa atualizar suas estratégias de combate à má nutrição.
Portanto, o desafio agora é duplo: garantir que crianças tenham acesso a alimentos suficientes e, ao mesmo tempo, promover dietas equilibradas que favoreçam o crescimento saudável.
Somente com essa visão ampliada será possível assegurar que crianças e adolescentes cresçam com energia, saúde e perspectivas de futuro mais positivas.
Por Agnes Adusumilli
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA