Marina Colasanti, uma das vozes mais marcantes da literatura brasileira, construiu uma trajetória singular ao longo de décadas de escrita.
Nascida em 26 de setembro de 1937, na Eritreia, e filha de italianos, sua infância foi marcada por mudanças constantes, passando pela Líbia e pela Itália antes de se estabelecer no Brasil em 1948.
Seu olhar estrangeiro sobre a nova terra e sua formação em artes plásticas influenciaram profundamente sua literatura, na qual o lirismo, a delicadeza e o uso simbólico das palavras tornaram-se marcas registradas.
Marina Colasanti
Da Crônica ao Conto: Uma Jornada Literária
Marina iniciou sua carreira no jornalismo em 1962, no Jornal do Brasil, onde atuou como redatora, repórter e cronista.
Foi nesse ambiente que lapidou sua escrita e consolidou sua presença como uma observadora sensível do cotidiano. Seu primeiro livro, Eu Sozinha (1968), revelou uma autora que compreendia a profundidade da solidão e da introspecção.
Com o passar dos anos, sua produção literária se diversificou, abrangendo contos, crônicas, poesias e literatura infantojuvenil. Obras como Uma Ideia Toda Azul (1979) e Contos de Amor Rasgados (1986) exemplificam sua habilidade de transitar entre o real e o fantástico.
Nos contos de Uma Ideia Toda Azul, há um toque de fábula, no qual a fantasia se entrelaça com a realidade para criar metáforas poéticas. Já em Contos de Amor Rasgados, a intensidade dos sentimentos humanos é retratada em narrativas curtas e impactantes, que desvendam a fragilidade das relações.
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O Reconhecimento e a Relevância de Sua Obra
Marina Colasanti foi amplamente premiada, sendo agraciada nove vezes com o Prêmio Jabuti, uma das maiores honrarias da literatura brasileira.
Em 2023, recebeu o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra, tornando-se apenas a décima mulher a conquistar essa distinção desde sua criação.
Mais do que uma lista de prêmios, esses reconhecimentos refletem a importância de sua literatura, que transcendeu gerações e permanece viva.
Seu estilo, frequentemente descrito como poético e sensorial, explorava o universo feminino, questões sociais e reflexões filosóficas, mantendo sempre um olhar aguçado sobre o mundo ao seu redor.
Marina Colasanti
A Despedida e o Legado Imortal
No dia 28 de janeiro de 2025, Marina Colasanti faleceu aos 87 anos, em sua residência no Rio de Janeiro. Seu velório realizado no Parque Lage, um local simbólico para sua trajetória, já que ali residiu durante parte da juventude.
Sua filha, a atriz Alessandra Colasanti, recentemente produziu um documentário íntimo para preservar a memória da mãe, utilizando registros sonoros e imagens de arquivo familiar.
Apesar da despedida, sua obra segue viva. Seus livros continuam sendo lidos, estudados e revisitados, provando que a literatura é, acima de tudo, uma forma de permanência.
Marina Colasanti partiu, mas suas palavras ecoam entre aqueles que encontram nelas um refúgio, um questionamento ou uma nova maneira de enxergar o mundo.
Seus leitores e admiradores não se despedem apenas de uma escritora, mas de uma artista que soube transformar a palavra em uma experiência sensorial e emocional.
Marina Colasanti vive através de suas histórias, nos ensinando que, na literatura, a eternidade se escreve a cada página.
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA