Qual sua relação com o dinheiro?
Há alguns dias estava conversando com nosso Editor-Chefe, Anand Rao, e ao fazer um comentário sobre as pessoas e sua relação com o dinheiro ele pediu que eu desenvolvesse melhor o tema.
Depois de algumas semanas pensando a melhor forma de colocar isso em pauta, aqui estou na retomada de nossa coluna econômica para iniciarmos o ano. Nosso ponto de partida é um ditado popular que afirma: “dinheiro não traz felicidade”.
Esse é um daquele ditados que muita gente afirma com ares de verdade absoluta, contudo irei mostrar que, sob certos aspectos é verdadeiro, e, sob outros é completamente errado.
Se por um lado é a mais pura realidade que dinheiro, apenas ele, não traz felicidade, ninguém irá negar que ele traz facilidades. É aquele complemento debochado que alguns fazem, pode não trazer felicidade, mas prefiro ser infeliz em Paris.
É neste ponto que as pessoas se confundem, as facilidades que o dinheiro traz podem lhe conceder momentos felizes, mas a felicidade em si é muito mais intrínseca a pessoa em si do que ao que ela possui. Então é essencial que a pessoa compreenda que, por si só, o dinheiro não traz felicidade, mas pode facilitar o acesso a ela.
O outro lado extremamente negativo deste ditado é a glamourização da pobreza. Como dinheiro não traz felicidade posso me contentar com o suficiente para sobreviver.
É o tipo de pensamento que leva ao comodismo, a zona de conforto. Infelizmente, é deste tipo de pensamento que deriva a cultura do brasileiro de desconfiar de toda pessoa que seja bem-sucedida em sua empresa no setor privado, isso se torna quase um pecado para muita gente.
Qual sua relação com o dinheiro?
Enquanto em diversos países grandes empresários são admirados e tomados como um exemplo a ser seguido, aqui muita gente espera ver algo de errado neles.
Mas, esse ditado revela muito sobre a relação da pessoa com o dinheiro. Existe um ditado judaico que diz: “o dinheiro é ótimo servo e péssimo senhor”.
Percebam que quando você afirma que: “dinheiro traz felicidade”, está, neste exato momento, o tornando seu senhor. Isso significa que, ao estar sem dinheiro sua vida perde o sentido, se imobiliza, tem dificuldade de buscar novas saídas, o que termina por provocar que fique com menos dinheiro ainda.
Quando você não vincula sua felicidade ao dinheiro, sem renunciar às facilidades que ele proporciona, ele se torna seu servo. Caso, em algum momento, tenha uma redução de sua renda, não irá deixar o desespero tomar conta e buscar novas alternativas para fazer dinheiro e reverter o quadro.
Neste momento chegamos a uma famosa frase dita por economistas: “todo amador confunde preço e valor”. Preço é o que você paga, valor é o que você leva.
Valor é subjetivo, apenas a própria pessoa confere ao que compra, não é mensurável de forma objetiva. Portanto, é individual. O valor dado a determinado bem por você que lê este artigo, pode ser muito maior ou muito menor para outra.
Agora, em relação ao preço é diferente. Existem critérios objetivos para o definir. Não adianta a pessoa pedir um preço em um produto pelo valor que ela julga ter se o mercado define algo abaixo.
Desta forma fica claro que é sua relação com o dinheiro que define seu nível de felicidade, pois caso o dinheiro seja seu senhor, a tensão, stress, a busca permanente pelo dinheiro irão ser seus companheiros e como resultado a pessoa irá ter menos momentos felizes.
Contudo, se a pessoa torna o dinheiro seu servo, sabe que em qualquer contratempo irá buscar uma solução, e, em um curto prazo irá reverter a situação negativa.
Essa pessoa irá ter, certamente, muitos mais momentos felizes. Então, se avalie e descubra sua relação com o dinheiro e perceba que ao fazer isso tudo tende a melhorar.
Artigo – Sandro Schmitz dos Santos – Analista e Consultor Internacional, Sócio-Diretor da Austral Consultoria [www.austral.cc]
e-mail: sandro.schmitz@austral.cc
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