O consumo de tabaco – Tabagismo custa R$ 150 bilhões ao Brasil por ano, enquanto indústria lucra R$ 1 para cada R$ 5 em prejuízos
O tabagismo permanece como um dos maiores entraves à saúde pública no Brasil.
Embora campanhas de conscientização tenham promovido avanços significativos nas últimas décadas, dados recentes revelam um retrocesso preocupante.
Em 2024, por exemplo, o número de fumantes no país aumentou 30%. Esse crescimento, além de alarmante, reacende o debate sobre os impactos sociais, econômicos e sanitários causados pelo tabaco.

O consumo de tabaco
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Enquanto poucos lucram, todos pagam a conta
Para cada R$ 1 de lucro obtido pela indústria do tabaco, o Brasil perde cerca de R$ 5 com os custos gerados por doenças relacionadas ao fumo.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), essas perdas ultrapassam R$ 150 bilhões por ano. Isso significa que, mesmo com o lucro da indústria, o prejuízo para o país é muito maior.
Além disso, os gastos não se limitam apenas ao tratamento de doenças. É necessário considerar os custos indiretos, como a perda de produtividade, afastamentos prolongados do trabalho, aposentadorias por invalidez e óbitos precoces.
Portanto, o impacto do tabagismo não recai apenas sobre o sistema de saúde, mas também compromete diretamente o desenvolvimento socioeconômico.
O avanço da fumaça: um retrocesso preocupante
Durante os anos 2000 e 2010, o Brasil foi considerado modelo global no enfrentamento ao tabagismo. Estratégias como o aumento de impostos, a restrição à propaganda, a adoção de imagens de alerta nos maços e a criação de ambientes livres de fumaça foram fundamentais para reduzir o consumo de cigarros. No entanto, esse cenário sofreu uma reviravolta.
A popularização dos cigarros eletrônicos e dispositivos aquecidos, sobretudo entre os jovens, contribuiu significativamente para o aumento recente no número de fumantes.
Esses produtos, frequentemente comercializados como alternativas “mais seguras”, acabam mascarando seus riscos reais. Além disso, a estética desses dispositivos e a publicidade velada nas redes sociais criam uma falsa sensação de modernidade e segurança.
Como resultado, muitos adolescentes e adultos jovens passam a consumir não apenas o cigarro eletrônico, mas também o cigarro convencional. Ou seja, em vez de substituir, esses novos produtos acabam sendo porta de entrada para o vício.
O consumo de tabaco
Consequências a curto, médio e longo prazo
O tabagismo é responsável por mais de 160 mil mortes todos os anos no Brasil. Entre as principais enfermidades provocadas estão o câncer de pulmão, as doenças cardiovasculares, a bronquite crônica e o enfisema pulmonar.
Além disso, não podemos esquecer dos fumantes passivos, que também são atingidos pelas consequências da fumaça.
Vale destacar que o impacto do cigarro vai além do organismo humano. O cultivo do fumo, por exemplo, exige o uso intenso de defensivos agrícolas, que contaminam o solo e a água.
Além disso, as bitucas descartadas irregularmente representam uma das maiores fontes de poluição urbana.
Em resumo, o tabaco afeta não só a saúde individual, mas também o meio ambiente e a coletividade como um todo.
O que pode ser feito para reverter esse cenário?
É necessário reforçar, com urgência, as políticas públicas de combate ao tabagismo. Entre as ações mais eficazes, destacam-se:
- O aumento contínuo da tributação sobre produtos derivados do tabaco;
- A regulamentação rigorosa dos cigarros eletrônicos;
- O fortalecimento das campanhas educativas, especialmente entre os jovens;
- A ampliação de programas de cessação do tabagismo, com apoio psicológico e acesso a medicamentos gratuitos.
Além disso, é fundamental que o Estado e a sociedade civil atuem de forma articulada. Escolas, famílias, profissionais de saúde e meios de comunicação devem trabalhar juntos para conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo.

Por fim: inverter a lógica do prejuízo
O tabagismo não é apenas uma escolha individual, mas um problema coletivo, com impactos profundos na saúde pública, na economia nacional e no meio ambiente.
Ignorar esses dados é permitir que milhares de vidas sejam perdidas e que bilhões de reais continuem sendo desperdiçados ano após ano.
Logo, é preciso agir. Se nada for feito, a tendência é que os números continuem crescendo, gerando ainda mais sofrimento e desigualdade.
Portanto, cabe a todos nós — cidadãos, governos e instituições — enfrentar essa realidade e transformar o futuro.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA