Transtornos mentais impulsionam afastamentos no trabalho

Transtornos mentais impulsionam afastamentos no trabalho

O Brasil vive uma silenciosa crise de saúde mental que já se reflete diretamente no mercado de trabalho.

Dados atualizados da plataforma SmartLab de Trabalho Decente 2025, desenvolvida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelam que os afastamentos por transtornos mentais cresceram 134% entre 2012 e 2024.

Somente no ano passado, foram registrados 472 mil afastamentos, a maioria associada à ansiedade, depressão e estresse crônico.

Esse cenário preocupante não apenas escancara o adoecimento emocional da força de trabalho

brasileira, mas também desafia as políticas públicas e o setor privado a agir com responsabilidade e urgência.

🧠 Saúde Mental: Um Direito Ainda Negado em Boa Parte do País

Apesar da gravidade do problema, apenas 46% dos municípios brasileiros contam com políticas ou programas voltados para atendimento em saúde mental, conforme aponta o próprio levantamento do SmartLab.

Isso significa que mais da metade da população depende de uma rede pública fragmentada, com acesso limitado a psicólogos, psiquiatras e centros especializados.

Em muitas cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, a atenção básica sequer contempla atendimento psicológico de rotina. Segundo estudo publicado na Revista Saúde e Sociedade (USP), a falta de gestão intermunicipal e a ausência de financiamento estruturado dificultam a criação de políticas regionais eficientes.

Transtornos mentais

💼 Trabalho sob pressão: o que está adoecendo os brasileiros?

O ambiente corporativo moderno — altamente competitivo, marcado por metas agressivas e escassez de pausas — tem contribuído fortemente para o aumento dos casos de sofrimento psíquico.

A pressão constante, aliada à insegurança profissional e à falta de reconhecimento, gera um cenário propício ao esgotamento emocional.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo, e a depressão já afeta mais de 11 milhões de brasileiros.

Esses quadros, quando não tratados, repercutem diretamente na produtividade, na criatividade e até na segurança no trabalho.

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📉 Quando o adoecimento impacta o país inteiro

A conta desse adoecimento emocional não é apenas pessoal. De acordo com o MPT, entre 2012 e 2024, foram registrados 8,8 milhões de acidentes de trabalho e mais de 32 mil mortes no emprego com carteira assinada.

Muitos desses acidentes têm origem indireta no comprometimento da atenção e na exaustão física e mental dos profissionais.

Além do sofrimento humano, há também impactos econômicos. Estimativas da OIT mostram que os transtornos mentais representam uma das principais causas de afastamento do trabalho no mundo, com custos bilionários em perdas de produtividade e despesas médicas.

Transtornos mentais

🛠️ O que pode ser feito? Caminhos para reverter esse quadro

Para enfrentar essa realidade, especialistas apontam três eixos principais de ação:

1. Ampliação da Rede Pública de Saúde Mental
   Investimentos em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e em atendimento psicológico na Atenção Primária são fundamentais. Além disso, a criação de consórcios intermunicipais pode viabilizar políticas em locais com pouca estrutura.
2. Promoção de ambientes laborais saudáveis
   Empresas podem adotar programas de bem-estar, flexibilização de jornadas, espaços de escuta ativa e campanhas internas de valorização da saúde mental. O reconhecimento do sofrimento psíquico como um risco ocupacional é um avanço necessário.
3. Combate ao estigma e incentivo à prevenção
   É urgente desmistificar o adoecimento mental, promovendo educação emocional desde a escola e treinamentos para líderes e gestores no setor corporativo.

🌱 Por fim: um pacto pela dignidade no trabalho

A saúde mental precisa ser tratada com a mesma seriedade que as doenças físicas. Ignorá-la representa não apenas um risco individual, mas uma ameaça coletiva ao bem-estar da sociedade e à sustentabilidade do mundo do trabalho.

Em tempos de avanços tecnológicos e transformações profundas nas relações laborais, cuidar da mente é cuidar do futuro.

REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA